A exclusivíssima KTM construída especialmente para o Rally Dakar chegou primeiro no Brasil
Redação MotoX.com.br - Lucídio Arruda - Fotos: Maurício Arruda / Lucídio Arruda
Modelo feito sob encomenda vem pronto para largar no rali

KTM 450 Rally Réplica |
As boas lembranças da infância a gente nunca esquece. Principalmente aquele Natal em que ganhamos o brinquedo sonhado durante o ano todo. São dias onde o sorriso de orelha à orelha não sai de nosso rosto.
Era assim que estava Dimas Mattos, co-fundador da ASW Silva Mattos, quando finalmente colocou as mãos na moto desejada por 9 entre 10 competidores de rali. Dimas já deixou a infância faz tempo, mas tudo bem, o brinquedo também não é coisa de criança. A exclusivíssima KTM 450 Rally Réplica é um projeto da fábrica que vem dominando o Rally Dakar há mais de uma década e possivelmente a melhor arma para os pilotos privados encararem a competição.
- Veja também: Conheça mais sobre a motocicleta na MotoX TV
Tivemos o privilégio de conhecer e colocar as mãos na primeira, e ainda única, unidade do modelo entregue no Mundo. Dimas encomendou nada menos que
20 KTMs 450 EXC de Enduro para a Brasil Moto Tour, sua empresa de turismo de aventura especializada em eios fora de estrada nos lençóis maranhenses. E uma das exigências do piloto e empresário para fechar o negócio foi receber uma Rally Réplica a tempo de competir no Rally Internacional dos Sertões.

Por sair da linha de produção antes da hora,
a unidade não recebeu as cores e adesivos finais |
A motocicleta é feita sob encomenda especialmente para clientes que vão competir no Dakar. Por conta disso, a entrega de todas as unidades encomendadas no início do ano é programada para setembro. Para que fosse possível competir no Sertões com a novidade, a KTM tirou a unidade de Dimas da linha de produção e mandou para o departamento de competições para ser finalizado.
A KTM 450 Rally Réplica
A não ser que você seja piloto de fábrica (da KTM de preferência), correr um rali exige uma grande preparação e investimento não só financeiro, como de tempo, na preparação da motocicleta. Geralmente parte-se de uma moto de enduro onde é necessário adaptar quase tudo. Tanques, carenagens, sistemas de navegação, iluminação, suspensões... e a lista vai longe.
A KTM resolveu mudar isso e oferecer ao público uma moto cujos os primeiros traços na prancheta já tinham o destino certo. Entenda por público os competidores do Rally Dakar. Não espere encontrar o modelo nas concessionárias em nenhuma parte do Mundo, a compra deve ser feita diretamente com a fábrica. Geralmente os clientes já compram também o pacote de apoio do Dakar que inclui assistência e a venda de peças a preços camaradas durante a competição.

Reparem na profusão de comandos no punho esquerdo. As tampas dos tanques em alumínio são exemplos do nível de acabamento das peças. |
O preço da motocicleta? 25.000 Euros + impostos (o VAT, no caso, da Europa). A unidade do Dimas veio ao Brasil via importação temporária e retorna para a Áustria após o Rally dos Sertões. Ao final do ano ela vem de novo para a América do Sul para a largada do Dakar em Buenos Aires.
Novidades
Por nascer exclusivamente para o rali, a motocicleta adotou soluções únicas e compartilha pouquíssimas peças com as irmãs (enduro) de produção normal. Na verdade, ela tem muito mais em comum com as atuais motos de fábrica dos campeões Marc Coma e Cyril Despres.

Sem o banco, nota-se o enorme filtro de ar montado o mais alto possível |
O que mais chama a atenção no modelo é o quadro formado por uma dupla trave superior formada por uma treliça em tubos de cromo-molibdênio. E só. Não há berço inferior nem subquadro. O responsável pela estrutura traseira é o tanque posterior, moldado em composto plástico, que comporta 16 litros.
Os dois tanques dianteiros carregam 8 litros cada um e ocupam basicamente as laterais da motocicleta. A parte central ficou reservada para o filtro de ar, em local bem elevado, o mais longe possível das águas de riachos.
Boa parte da moto pode ser desmontada somente com as mãos, ou com pouquíssimas ferramentas se tem o às partes vitais em pouco tempo. O banco, por exemplo, pode ser retirado em cerca de dois segundos. Muitas das peças exclusivas do modelo são feitas à mão, em alumínio, com uma qualidade de acabamento indiscutível.

O quadro específico para rali trouxe soluções inovadoras em relação às motos de enduro, como a fixação da balança traseira. A ausência do berço inferior liberou espaço para o reservatório de água de emergência e uma caixa de ferramentas. |
As suspensões são WP, com tubos de 48mm na frente e amortecedor único com links atrás. No amortecedor traseiro o reservatório de expansão do nitrôgênio fica na horizontal, embaixo do banco. Obviamente tudo já preparado de acordo com o peso da motocicleta, que pode ultraar os 170 quilos com todos os reservatórios cheios.
Motor
Basicamente a engenharia pegou o motor de cross e modificou para as exigências do rali. Além das faixas de potência e torque otimizadas, trabalhou-se na durabilidade que uma competição de vários dias e dezenas de milhares de quilômetros exige.
A capacidade de óleo subiu para mais de 2 litros. São duas bombas de óleo para a lubrificação, mais uma terceira que envia o lubrificante para um radiador logo abaixo dos faróis. O radiador de água é "king size", uma única peça maior que os dois normalmente encontrados nas motos Enduro. A relação de marchas é bem longa, o que possibilita ultraar os 170km/h nos retões. O escapamento é um belo Akrapovic.
Pilotando
Não foi exatamente um teste, foi uma voltinha com a máquina num espaço inverso ao tamanho do ciúme do Dimas, que não esquecia de nos lembrar: "Ela só tem 30 quilômetros!"
O banco é alto e com a espuma extra firme. Nosso piloto com 1,85m de altura não conseguiu apoiar os dois pés no chão ao mesmo tempo com a moto parada. Os baixinhos podem ar um certo apuro nas saídas e paradas se não programarem bem suas ações. As pedaleiras são extra largas, proporcionando uma ótima base da apoio, mas ao acionar os comandos, de câmbio e freio traseiro, é preciso se lembrar que eles ficam bem para dentro, quase escondidos debaixo do motor.
Andando a moto mostra a que veio. Com os tanques praticamente cheios dá para notar que trechos travados não são sua especialidade, a sensação é de entrar em uma loja de cristais montado num cavalo. Mas conforme a velocidade aumenta a KTM entra em seu habitat. Claro, não chegamos nem perto dos 150km/h de um retão de rali, mas deu para perceber que a estabilidade e a firmeza nas retas são seus grandes atributos.
Comparando com a
KTM 700cc de Jean Azevedo que pilotamos há alguns anos, ela tem na leveza e facilidade de condução as principais vantagens. Claro que o torque e potência das 450cc não se comparam com a antiga 700cc, e a diferença em velocidade final deve ser considerável. Por outro lado a 450 mostrou-se bem mais estável, sem a tendência de sair de traseira da 700, que mesmo em altas velocidades dava suas sambadinhas.

Dimas Mattos |
Dimas nos contou também que na areia fofa, onde é fácil atolar, é bem melhor estar montado na 450 do que na antiga 690 que já utilizou no Dakar. "Numa competição como o Dakar a 690 levaria vantagem" - hoje o regulamento limitou os motores em 450cc - "mas no Sertões, que tem mais trechos técnicos, a agilidade da 450 deve trazer melhores resultados."

Essas são as cores e adesivos de quem vai receber a moto em setembro
foto: H. Mitterbauer / KTM |
Ficha Técnica
Tipo |
Monocilíndrico 4 tempos |
Quadro |
Cromo molibdênio |
Capacidade |
449 cc |
Subquadro |
Tanque plástico autoado |
Diâmetro e Curso |
97 / 60,8 mm |
Suspensão dianteira |
WP-USD 48 |
Partida/bateria |
Elétrica / 12 V 8,6 Ah |
Suspensão Traseira |
WP-Monoshock c/ Pro-Lever linkage |
Transmissão |
5 Marchas |
Curso |
300 / 310 mm |
Carburador |
Keihin FCR-MX 41 |
Freios |
Disco 300 / 240 mm |
Comando |
4V / DOHC |
Aros |
1,6 x 21" / 2,50 x 18" |
Lubrificação |
Por Pressão com 3 bombas |
Altura do banco |
980 mm |
Embreagem |
Hinson Multidisco acion. hidráulico |
Capacidade combustível |
aprocimadamente 35 litros |
Ignição |
Keihin DC ECU |
Peso |
145 kg (a seco) |